Os sintomas atribuíveis à insuficiência cardíaca (IC), incluindo dispneia, fadiga e fraqueza muscular, levam a mais de 1 milhão de hospitalizações por ano nos Estados Unidos e no Brasil, com taxas de readmissão em 90 dias se aproximando de 50%.
Embora a importância dos custos relacionados à IC como principal contribuinte para a crise de gastos com saúde tenha sido reconhecida, mais de 20 ensaios farmacológicos em todo o mundo com foco na redução de mortalidade como desfecho primário foram negativos.
Como uma grande proporção de pacientes com IC trocaria o aumento do tempo de vida pelo aumento da qualidade de vida, o que está diretamente relacionado à capacidade de exercício, pode ser razoável redirecionar os alvos terapêuticos em pacientes com IC para melhorar o exercício e a capacidade funcional.
A deficiência de testosterona é reconhecida em um grande número de pacientes do sexo masculino com IC avançada e está correlacionada com diminuição da classe funcional, capacidade de exercício e força muscular, e em alguns estudos9, mas não em todos, a deficiência de testosterona está associada a aumento da mortalidade.
A terapia com testosterona é recomendada para homens com deficiência de testosterona e sintomas de hipogonadismo para aumentar a capacidade de exercício. A terapia com testosterona está associada ao aumento da tolerância ao exercício em pacientes com IC em comparação com o placebo, o que não é explicado pelo comprometimento da função cardíaca.
Considerando que a função cardíaca não melhora após a terapia com testosterona, e a crescente aceitação da “hipótese muscular”, que argumenta que as limitações do exercício em pacientes com IC crônica estão focadas na periferia, incluindo anormalidades nos reflexos ativados durante o exercício, a terapia com testosterona pode ter efeitos benéficos no estado neuro-humoral em pacientes com IC.
De fato, a diminuição da sensibilidade dos barorreceptores e da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) foi relatada em pacientes com deficiência de testosterona.
Referência:
doi: 10.5935/abc.20150078