Staak Med

Cannabidiol e performance esportiva

O Cannabidiol (CDB) atraiu inicialmente interesse científico devido às suas propriedades anticonvulsivantes, mas a evidência crescente de outros efeitos terapêuticos atraiu a atenção de outras populações, incluindo atletas. Ao contrário do canabinóide intoxicante, o Δ9-tetrahidrocanabinol (Δ9-THC), o CBD não é mais proibido pela Agência Mundial Antidopagem e parece ser seguro e bem tolerado em humanos.


O CDB se tornou altamente disponível em muitos países com a introdução de produtos “nutracêuticos” de venda livre. Recentes estudos pré-clínicos observaram efeitos antiinflamatórios, neuroprotetores e analgésicos do CBD em modelos animais, além de um possível efeito de proteção gastrointestinal, promoção de recuperação de danos músculo-esqueléticos e ação ansiolítica em situações de ‘’indução de estresse’’, o que pode ser especialmente interessante para os atletas.⁣

A resposta inflamatória é essencial para o reparo e regeneração do tecido muscular. Para a máxima capacidade atlética, esta inflamação não pode ser excessiva, e nem muito baixa. Foi reportado em estudos pré clínicos que o CDB tem efeito modulatório nesse processo de inflamação, diminuindo o acúmulo de células imunológicas nos tecidos, estimulando citocinas anti inflamatórias e inibindo citocinas inflamatórias e espécies reativas de oxigênio, o que pode reduzir a degeneração exacerbada de tecidos. Vale ressaltar, também, que a prevenção da inflamação pode impedir processos musculares importantes, como a angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos) e a hipertrofia muscular (por isso que o abuso de anti inflamatórios não é interessante).⁣

A concussão é um tipo de lesão cerebral traumática leve muito comum em atletas, podendo causar danos neurológicos, sinais e sintomas comportamentais, além de predispor a doenças neurodegenerativas no longo prazo. No estudo em questão, foi relatado que o CBD pode possuir efeitos neuroprotetores, como atenuação do comportamento anormal resultante das concussões (ansioso, agressivo, depressivo), diminuição da inflamação, da toxicidade celular e, por fim, o aumento da neurogênese (formação de novos tecidos neuronais).⁣

A dor persistente é uma queixa muito comum entre atletas e um dos campos mais promissores para o uso clínico do CDB é o uso no contexto de dor crônica, especialmente as de causa neuropática: dor que resulta de uma lesão ou doença do sistema nervoso somatossensorial, e esta é comum entre para-atletas com lesão na medula espinhal e pode surgir também se houver irritação repetitiva com inflamação dos nervos ou com cirurgia. A maioria dos estudos pré clínicos sugerem um efeito analgésico significante, a depender da dose utilizada e tipo de dor envolvida.⁣

A ansiedade de performance pode ser uma das grandes barreiras para o atleta desempenhar. Nesse contexto, existe uma grande busca por medicamentos/substâncias ansiolíticas associados ou não a terapias comportamentais, no intuito de minimizar esses efeitos negativos da ansiedade exacerbada. Uma série de ensaios clínicos investigaram o efeito do CBD na ansiedade subjetiva em indivíduos saudáveis e em pessoas com transtorno de ansiedade social (TAS). Foi concluído então que, em doses moderadas, o CBD pode ter ações ansiolíticas em situações nas quais há indução de estresse e em pessoas com TAS. Vale notar que, em doses mais altas, o efeito gerado parece ser justamente o oposto: aumento de agitação e sintomas ansiosos.⁣

ASSIM: O CBD pode exercer uma série de efeitos fisiológicos, bioquímicos e psicológicos com potencial para beneficiar atletas e não atletas. No entanto, estudos mais bem controlados e em populações de atletas são necessários antes que conclusões definitivas possam ser alcançadas a respeito da utilidade do CBD no apoio ao desempenho atlético. Ainda, as evidências dessa revisão foram obtidas de estudos pré-clínicos e de um número limitado de ensaios clínicos em populações não atletas. Mais pesquisas são necessárias para confirmar essas observações.

Compartilhe este post:

Facebook
WhatsApp
Telegram