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Dietas hiperproteicas causam lesão renal? Saiba mais!

Muito se discute sobre o impacto das dietas hiperproteicas para a função renal, sobretudo no âmbito do esporte, uma vez que essa população tende a apresentar um consumo protéico maior. Mas será que o consumo aumentado de proteínas pode causar lesão renal ou impactar a função renal?

Uma revisão de literatura realizada em 2015 buscou elucidar esses questionamentos. Embora seja bem aceito que uma dieta rica em proteínas seja prejudicial para indivíduos com disfunção renal existente, há pouca evidência de que uma ingestão elevada de proteínas seja perigosa para indivíduos com função renal normal. Em estudos analisados pela revisão, os indivíduos com doença renal crônica (DRC) apresentaram uma associação significativa entre ingestão de proteínas e redução da função renal.

Portanto, a ideia de que o alto consumo de proteínas pode ser prejudicial para aqueles com DRC é bem aceita. No entanto, a hiperfiltração apresentada com o aumento da proteína da dieta pode ser apenas um mecanismo adaptativo e pode não estar necessariamente relacionada a um declínio da função renal naqueles indivíduos com função renal normal.

Isso é bem aceito na população jovem, entretanto mais investigações são necessárias para esclarecer o impacto do alto consumo de proteína a longo prazo na taxa de filtração glomerular (TFG) na população idosa, uma vez que a TFG diminui com a idade. Por outro
Por outro lado, um aumento no consumo de proteína para 1-1,5 g/kg parece ser seguro e até mesmo necessário para indivíduos mais velhos com função renal saudável, visando sobretudo a saúde osteomuscular.

Adicionalmente, dietas ricas em proteínas também têm sido associadas ao risco de formação de cálculos renais. Assim, o alto consumo de proteínas pode não ser seguro para aqueles com anormalidades hereditárias ou subjacentes associadas à doença renal e ao desenvolvimento de cálculos renais. Dessa forma, os estudos analisados sugerem que o maior consumo de proteínas pode ser considerado um fator de risco independente no desenvolvimento de cálculos renais em indivíduos predispostos.

Desse modo, é importante observar que as dietas ricas em proteínas são prejudiciais aos pacientes com DRC. No entanto, para pacientes sem disfunção renal, diante dos achados de diversos estudos, o consumo de dieta hiperproteica parece ser mais vantajoso do que deletério uma vez que a proteína dietética parece desempenhar um papel importante em outros processos metabólicos, como saciedade, sinalização celular e regulação termogênica e glicêmica no organismo.

Em contrapartida, esse efeito torna-se importante apenas quando o consumo está acima da recomendação padrão (0,8 g/kg por dia). Assim, a ingestão de proteína acima da recomendada parece ser vantajosa em muitas situações quando o paciente não possui contraindicação formal. Por fim, fica clara a necessidade de mais estudos clínicos de longo prazo com dietas hiperproteicas e seus impactos na função renal em indivíduos sem disfunção renal.

 

Referência:
doi: 10.3945/an.114.007716

 

Dr Marcos Staak Jr
Médico – CRM/SC 17642

 

@osmanvieira

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