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Função tireoidiana e peso corporal, existe correlação?

Função tireoidiana! Não é incomum encontrar pessoas que creditam seu físico à ela, por exemplo, relacionar o sobrepeso/obesidade ou a magreza com a função dessa glândula. Mas existe realmente um impacto tão relevante da função tireoidiana na mudança do físico? Qual seria a relação da função tireoidiana com o peso corporal?

Um estudo realizado em 2008 tentou relacionar a obesidade e anorexia nervosa (AN) à função tireoidiana. Eles avaliaram a função tireoidiana (TSH, T4I, T3I), resistência à insulina (HOMA-IR) e o peso de 100 meninas obesas, 20 com AN e 32 meninas eutróficas como controle, todas entre 14 e 18 anos e sem endocrinopatias prévias. Coletaram as concentrações basais no início da intervenção e submeteram essas pacientes ao tratamento de suas comorbidades (obesas: perda de peso. AN: ganho de peso). O que foi observado?

Inicialmente observou-se que as adolescentes obesas possuíam um TSH e T3l moderadamente aumentados, em contrapartida as pacientes com AN apresentaram TSH e T3l ligeiramente diminuídos em relação às meninas eutróficas de mesma idade.

Os valores dos hormônios tireoidianos não tiveram correlação com o HOMA-IR, no entanto foi observado durante o seguimento uma relação entre a função tireoidiana e a leptina. As obesas que perderam peso e as anoréxicas que ganharam peso tiveram sua função tireoidiana normalizada, acompanhada de queda da leptina nas obesas e elevação nas com AN, uma vez que a produção de leptina acompanha a massa gorda.

Os autores, então, levantaram a hipótese de uma relação entre a leptina e a função tireoidiana, acompanhada do status do peso do indivíduo, uma vez que os valores entre os hormônios (TSH, T3l e leptina) se relacionaram tanto de forma longitudinal quanto de forma transversal.

A função dessa relação seria que o baixo nível de T3l em meninas com AN contribui para a economia de energia e, portanto, para a economia metabólica durante a fome e déficit energético agressivo, enquanto o aumento de T3l na obesidade aumenta o gasto energético em repouso e, portanto, leva ao consumo de energia.

Com os achados desse estudo podemos inferir que existe uma relação entre a função tireoidiana e o peso corporal, no entanto a via não é a que comumente as pessoas relacionam. Ou seja, em pacientes sem tireoidopatias, o peso corporal interfere na função tireoidiana de forma mais significativa e não o inverso. Além disso, em estados como o hipotireidismo, pode haver ganho ponderal, entretanto esse impacto não configura magnitude para ser a etiologia da obesidade do indivíduo. Obesidade e composição corporal são multifatoriais e complexos, sendo impossível encontrar apenas um fator causal.

Texto em parceria com Osman Vieira.

Referência:

doi: 10.1159/000129678

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