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Redução de danos em usuários de Esteróides Anabólicos Androgênicos (EAA)

Não é difícil perceber que a comunidade médica e profissionais de saúde em geral possuem bastante preconceito com usuários de EAA. As entidades até emitem campanhas como a “bomba to fora”, por exemplo. No entanto, será que isso ajuda ou atrapalha o usuário? Será mesmo que uma campanha cheia de preconceitos e, muitas vezes, desrespeito, vai entrar na cabeça dos usuários? Será que essa conduta aproxima ou afasta o usuário do médico que poderia auxiliar na redução de danos?

Uma revisão de literatura publicada em 2019 trouxe alguns dados sobre os tratamentos e condutas em relação aos usuários de EAA. De 109 artigos avaliados, apenas 10 demonstraram que os médicos forneceram como opção de tratamento a manutenção e acompanhamento do uso desses fármacos em pacientes que não pretendiam descontinuar o uso. Além disso, a maioria esmagadora informava sobre os riscos inerentes à utilização, mas não disponibilizava suporte para a descontinuação. Para ilustrar: somente um estudo relatou encaminhamento para outro serviço de suporte para esses casos.

Como a utilização de EAA costuma não causar muitos danos de forma aguda, não atrapalhando ou atrapalhando de forma leve a rotina dos usuários, diferente da maioria das outras drogas de abuso, eles acabam sendo menos dependentes dos médicos. Para piorar o cenário, os usuários que não fazem acompanhamento profissional recorrem à “medicamentos” de origem underground, na maioria das vezes contaminado sub ou superdosado aumentando ainda mais as chances de efeitos negativos à saúde.

Portanto, quando um paciente busca ajuda médica, é uma excelente oportunidade para aproximar esses indivíduos, retirá-los das drogas falsificadas, monitorizar os efeitos deletérios já instalados, os possíveis danos futuros e orientar sobre os riscos fornecendo suporte à descontinuação. É o que vemos na prática? A resposta você sabe.

Não estou aqui para fazer apologia ao uso de EAA, porém demonizar também não é meu papel como médico. Meu papel é buscar o melhor para cada paciente e, certamente, a automedicação não é o caminho mais seguro.

Referência:

doi: 10.1186/s12954-019-0343-1

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