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Testosterona e hematócrito: por que aumenta? Faz sentido monitorar?

Testosterona e hematócrito! Há décadas são conhecidos os efeitos hematológicos da testosterona e outros esteróides anabólicos androgênicos (EAA). Muitos desses fármacos já foram utilizados para tratar alguns tipos de anemia, justamente pelo efeito na elevação do hematócrito, por exemplo.

No entanto, esse efeito colateral ocorre por qual motivo? E será mesmo que devemos monitorá-lo?

Embora a eritropoietina (EPO) tenha um papel importantíssimo na eritropoiese, os efeitos da testosterona parecem ser independentes desse hormônio. Em 2008 um grupo de pesquisadores, avaliou homens jovens que receberam diferentes dosagens de testosterona (25, 50, 100, 300 e 600mg) e analisou as concentrações de EPO e do receptor solúvel de transferrina (sTfR) e não houve efeito dose-dependente entre a testosterona e os níveis de EPO e sTfR.

Portanto, o efeito dos EAA no hematócrito, não é explicado pela elevação dos níveis de EPO e sTfr. Além disso, os níveis de EPO entre homem e mulher não são significativamente diferentes, reforçando mais ainda uma via alternativa.

Logo, é provável que a testosterona tenha efeito direto nas células-tronco hematopoiéticas na medula óssea, mediado pelo receptor androgênico e IGF-1. Além do mais, a testosterona aumenta a absorção intestinal de ferro e a incorporação de ferro nas hemácias (íon limitante, essencial na síntese de hemoglobina) contribuindo assim, ainda mais, para a elevação do hematócrito. Talvez, por essa gama de efeitos, a elevação do hematócrito seja o principal efeito colateral da terapia de reposição de testosterona (TRT).

Em estudos epidemiológicos, associa-se hematócritos elevados ao aumento do risco de doenças cerebrovasculares e mortalidade.

Por esse motivo, é prudente o monitoramento do hematócrito em todo paciente que faz uso de TRT ou EAA com 3 meses, 6 meses e anualmente após o início da utilização – obviamente que devemos individualizar. Dessa forma, fica clara a necessidade de seguimento médico e acompanhamento de todo usuário de EAA, seja terapêutico ou não.

Texto em parceria com Osman Vieira.

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