Esse assunto é um pouco polêmico e delicado. Recebo perguntas no Instagram, e também em consultório, onde pessoas tem questionamentos sobre sua condição de saúde e o que deve ser avaliado de forma preventiva.
Exames laboratoriais são COMPLEMENTARES. Eles complementam condições clínicas ou suspeitas levantadas no momento da consulta. Exames complementares não deveriam ser solicitados sem um direcionamento específico para cada caso, para cada pessoa.
E se meus exames de sangue estão normais, posso ficar despreocupado?
Calma aí! Se os exames deveriam ser complementares a suspeitas clínicas, podem confirmar ou descartar algo. Mas fazê-los por fazer pode ser um tiro no pé.
Pensando em usuários de hormônios, há sabidamente um aumento do risco cardiovascular, de remodelamento cardíaco e de hipertensão arterial. Essas condições não são diagnosticadas em exames laboratoriais.
Além disso, a parte de saúde mental é algo frequentemente negligenciada e que deve ser muito bem avaliada e acompanhada.
Durante a formação acadêmica na área de saúde desenvolve-se algo conhecido como “raciocínio clínico”. Isso ocorre com a vivência da pessoa no ambiente acadêmico, estudos, casos avaliados e vividos, desfechos presenciados, enfim, um conjunto de informações entrelaçadas com base em uma carga horária imensa observando e agindo em inúmeras situações diferentes.
O profissional de educação física tem uma linha de raciocínio para estruturar uma periodização de treino. O nutricionista, da mesma forma, para elaborar um planejamento alimentar. O fisioterapeuta precisa analisar e pensar sobre o que está avaliando para poder desempenhar alguma conduta. O médico, da mesma forma que todos esses outros.
De que adianta ter exames complementares à mão se não serão devidamente interpretador? Alterações pontuais em exames específicos frequentemente não me dizem nada. É necessário um conjunto para análise, além da análise clínica, exame físico, avaliação física… essa é a verdadeira arte de lidar com saúde.
Qualquer computador interpreta números isolados. Você confiaria sua saúde a uma máquina de interpretação?