Uma das classes de medicamentos mais injustiçadas que existem são os anticoncepcionais orais. São frequentemente acusados de serem os responsáveis pelo aumento de peso e pela dificuldade das mulheres construírem músculos.
Um estudo recente avaliou os efeitos dos anticoncepcionais orais no ganho de força, hipertrofia e sinalização anabólica. Será mesmo que atletas mulheres precisam se preocupar com o anticoncepcional atrapalhar os seus ganhos?
No estudo 38 mulheres não treinadas foram divididas em dois grupos e acompanhadas durante 10 semanas. Um dos grupos era composto por 20 usuárias de anticoncepcional oral combinado e outro por 18 não usuárias. Todas as mulheres eram saudáveis, menstruavam regularmente e não praticavam musculação anteriormente. Os grupos foram avaliados através de biópsia muscular do vasto lateral antes e depois das dez semanas.
Durante as 10 semanas, as mulheres treinaram apenas 3x por semana, mas sempre no laboratório acompanhadas pelos pesquisadores, para garantir a qualidade e equivalência do treino. Treinando apenas três vezes por semana, ambos os grupos tiveram aumento significativo de força, área do quadríceps, massa muscular total e perderam gordura, e isso sem apoio nutricional e independente do contraceptivo utilizado.
Na comparação entre os grupos não somente ambos tiveram bons resultados, o grupo de usuárias de anticoncepcional oral combinado tiveram resultados superiores às não usuárias na medida do quadríceps e em alguns marcadores anabólicos.
Então não, os anticoncepcionais não são os culpados pela sua falta de resultado. Fica claro a partir dos resultados deste estudo e de todo o corpo de literatura disponível que anticoncepcionais orais de segunda ou terceira geração não tem nenhum efeito significativo no ganho de força ou hipertrofia.
Culpar o anticoncepcional só te deixa acomodada com a falta de progresso e presa nos treinos ruins. Se você espera ter resultado, 100% da sua atenção deve estar na sua alimentação e na qualidade dos treinos, apenas quando esses fatores estiverem absolutamente bem alinhados você deve pensar em o que pode ser otimizado hormonal ou farmacologicamente.
Referência:
https://doi.org/10.1152/japplphysiol.00562.2020