A ideia por trás da suplementação do DHEA (desidroepiandrosterona) consiste na base fisiológica de que este, por ser o esteróide andrógeno precursor dos hormônios androgênicos, é capaz de se converter em testosterona (T) e assim aumentar os níveis séricos desse hormônio.
Essa base é válida, mas será mesmo que a ingestão exógena do DHEA é capaz de aumentar os níveis de T na corrente sanguínea ao ponto de ter alguma relevância clínica?
Um estudo duplo-cego, randomizado e placebo-controlado foi feito com 87 homens idosos e 57 mulheres idosas que possuíam baixos níveis de DHEAS (sulfato de desidroepiandrosterona) durante 2 anos. Vale lembrar que o DHEAS é responsável pelo conversão periférica do DHEA e é o hormônio esteróide mais abundante no ser humano.
Nesse estudo, avaliou-se a performance física, a composição corporal, a densidade mineral óssea (DMO), a sensibilidade à insulina e a qualidade de vida dos pacientes. Esse estudo mostrou que a suplementação de 75mg/dia de DHEA em homens não alterou nenhum parâmetro estudado. Já no caso das mulheres, com a ingestão de 75mg/dia de DHEA, observou-se um aumento na DMO, porém também incapaz de trazer algum benefício clínico relevante.
Outro estudo, também randomizado e duplo-cego foi feito com 9 homens idosos e 10 mulheres idosas por 6 meses. Esse estudo revelou que a suplementação com 100mg/dia de DHEA aumentou significativamente os níveis dos andrógenos ativos (androstenediona e testosterona) e o IGF-1 (Insulin growth factor-1) nas mulheres, enquanto os homens só se beneficiaram do aumento em IGF-1.
Um outro estudo também randomizado, duplo-cego, placebo-controlado foi feito com 64 voluntários (homens e mulheres entre 65 e 78 anos) que tomaram 50mg/dia de DHEA por 10 meses, nos quais nos últimos 4 meses do estudo, os pacientes entraram em um regime de treinamento resistido. Ao final, avaliou-se a força e a hipertrofia muscular. O estudo conclui que a suplementação de DHEA nos primeiros 6 meses não influenciou nem na força nem no ganho de massa muscular. No entanto, quando acompanhado do treinamento resistido, a suplementação de DHEA potencializou os efeitos do treinamento, aumentando a força e a massa muscular, tanto em homens quanto em mulheres.
Portanto, os estudos trazidos aqui apontam para a suplementação do DHEA no público idoso, no qual as mulheres com mais de 60 anos e ativas se beneficiariam mais do seu uso. Embora haja evidência do uso benéfico também nos homens, os estudos ainda são controversos. Converse com o seu médico para avaliar a real necessidade da suplementação.
Referências:
doi: 10.1056/NEJMoa054629
doi:10.1046/j.1365-2265.1998.00507.x
doi:10.1152/ajpendo.00100.2006