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Prescrição profilática de inibidores da 5α-redutase em usuários de EAA, faz sentido?

Não é incomum encontrar prescrições de colegas médicos com esteróides anabólicos androgênicos (EAA) associado a inibidores da 5α-redutase de forma “profilática” (enzima responsável pela conversão de testosterona em dihidrotestosterona – DHT). Sempre batemos na tecla que TODO MEDICAMENTO possui efeitos terapêuticos, efeitos colaterais, riscos e benefícios. No entanto, é quando o benefício supera o risco que a indicação clínica faz sentido. Portanto, quando se trata dos inibidores da 5α-redutase, quais seriam os efeitos colaterais esperados?

Primeiramente, gostaria de destacar que os inibidores da 5α-redutase possuem tolerabilidade e segurança comprovadas em vários estudos. Dentre eles, em particular o estudo PLESS (Proscar LongTerm Efficacy and Safety) que incluiu um n significativo de 3.040 pacientes com hiperplasia prostática benigna (HPB) mostrando que no braço placebo houve maior abandono do tratamento (42%) se comparado ao braço em uso de finasterida (34%), demonstrando um perfil de efeitos colaterais muito limitado. No entanto, esses pacientes apresentavam indicação clínica clara.

Portanto, as prescrições desta classe de fármacos para indivíduos em uso de EAA deve ser individualizada e, muitas vezes, não é necessária. Uma meta-análise observou a presença de 1 a 8% de perda de libido e disfunção erétil, sendo os efeitos colaterais mais comuns. Outros efeitos que podem ocorrer são alterações de humor, ginecomastia, dentre outros, no entanto costuma variar entre indivíduos.

Entre os efeitos colaterais, a Síndrome Pós-Finasterida (SPF) entra em destaque na literatura atual. Consiste em um conjunto de sinais e sintomas que despencam a qualidade de vida do paciente após a descontinuação do fármaco. Os sintomas da SPF incluem sintomas sexuais intensos, comprometimento do ejaculado, redução e dor em genitália, ginecomastia, fadiga crônica, fraqueza muscular, alterações musculares, dor nas articulações, pele seca, comprometimento da cognição, depressão (incluindo pensamentos suicidas), transtorno de ansiedade, ataques de pânico, distanciamento emocional e insônia.

Desse modo, pela quantidade de possíveis efeitos colaterais, fica clara a necessidade de pesar o risco-benefício da prescrição dos inibidores da 5α-redutase. A prescrição sem indicação clínica correta, expõe os pacientes a um risco, sem um benefício claro. Logo, a prescrição dessa classe para todos indivíduos em uso de EAA, de forma profilática, sem individualização, não é uma boa prática e aumenta a probabilidade de efeitos deletérios na saúde dos pacientes.

Referências:

doi: 10.1007/s11154-015-9319-y
10.1016/s0090-4295(99)00209-5
10.1016/j.abd.2020.02.001

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