As medidas de função renal são muito importantes no diagnóstico e tratamento das doenças renais. Nesse cenário, as dosagens séricas de creatinina e cistatina C são bastante utilizadas para estimar a taxa de filtração glomerular(TFG), que é parâmetro mais usado para avaliar a funcionalidade dos nossos rins.
Sabe-se que a creatinina é um produto do metabolismo da fosfocreatina (PCr). Na prática, a PCr é um importante depósito de energia no músculo, pois a ligação do fosfato com a molécula de creatinina possui uma energia semelhante às ligações feitas pelo ATP, nossa principal fonte de energia celular. Toda vez que ocorre a contração muscular, a PCr é catabolizada pela enzima creatina-quinase e então a creatinina é lançada na corrente sanguínea como produto dessa reação.
Daí podemos nos questionar: se a creatinina é um produto proveniente da contração muscular, então indivíduos com maior massa muscular ou maior nível de atividade física irão apresentar maiores níveis de creatinina?
Um estudo conduzido por Alessandra CB examinou indivíduos de diferentes quantidade de massas magra e níveis de atividade física e comparou os níveis de creatinina e cistatina C dentre esses grupos na tentativa de confirmar essa hipótese.
Identificou-se uma relação direta entre os indivíduos com maior quantidade de massa muscular e a creatinina sérica. Ou seja, quanto mais massa magra, maior os níveis de creatinina e não necessariamente maior dano às estruturas renais. Tal fato pode ser explicado justamente pelo mecanismo de metabolização da creatinina.
Já a cistatina C não mostrou variações quanto à massa muscular e não diferiu significativamente entre os grupos estudados.
Em relação ao nível de atividade física, o estudo traz uma relação indireta com a creatinina, visto que indivíduos ativos possuem mais massa muscular do que sedentários e consequentemente níveis de creatinina ligeiramente mais aumentados.
O estudo conclui, portanto, que por conta das variáveis contidas no cálculo da TFG com a creatinina, a cistatina C é uma representação mais fidedigna da função renal em pacientes com elevada massa muscular.
Referência:
doi: 10.2215/CJN.02870707