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Relação entre Obesidade X Testosterona

Muito se fala em obesidade e redução da testosterona, mas existe mesmo essa correlação? Se sim, por que ocorre? Primeiramente gostaria de destacar que nem todo obeso tem hipogonadismo, no entanto a obesidade pode causar hipogonadismo, bem como o hipogonadismo pode agravar a obesidade. Como seria essa relação?

Os adipócitos possuem alta expressão da enzima aromatase que converte a testosterona em estradiol, reduzindo assim a concentração de andrógenos e elevando a de estrogênios. Esses estrogênios agem sobre o eixo hipotálamo-hipófise causando um mecanismo de feedback negativo suprimindo o hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) e o hormônio luteinizante (LH), o LH em menor concentração estimula menos as células de Leydig a produzirem testosterona, reduzindo ainda mais os andrógenos, o que contribui ainda mais para o aumento da adiposidade. Muitos estudos mostram essa correlação de baixos níveis de testosterona e aumento da adiposidade. Esse ciclo é chamado de ciclo hipogonadal-obesidade.

Além disso, o efeito das adipocinas inflamatórias como o fator de necrose tumoral α (TNFα) e a interleucina 6 (IL6), bem como da resistência a leptina culminam em redução do GnRH e consequentemente do LH. A leptina em altos títulos podem, ainda, inibir diretamente a síntese de testosterona na célula de Leydig. Por esse e outros fatores que existe a MOSH (Male Obesity Secondary Hypogonadism).

Outra adipocina importante que está relacionada com a obesidade é a adiponectina. Em oposição às outras adipocinas citadas, a adiponectina está baixa em indivíduos com obesidade, enquanto altos títulos de adiponectina estão relacionados ao menor risco de desenvolver e diabetes mellitus tipo 2 em indivíduos mais velhos. Isso só demonstra a complexidade da fisiopatologia entre o hipogonadismo e a obesidade.

Adicionalmente, a testosterona está relacionada com o acúmulo de gordura visceral. Os estudos mostram que existe uma relação inversa entre os níveis de testosterona e o acúmulo dessa gordura. Por exemplo, em pacientes com CA de próstata que são submetidos à terapia de privação androgênica, é observado a elevação dessa gordura intra-abdominal. Mas em que isso implica? Acontece que quanto maior o acúmulo dessa gordura visceral, pior o risco metabólico e maior a MORTALIDADE geral desse indivíduo.

Portanto, é evidente a relação clara entre a obesidade e os níveis de testosterona. Isso quer dizer que TRT é tratamento para a obesidade? Obviamente que não, mas tratar a obesidade pode sim reverter quadros de MOSH. No entanto, tratar esse hipogonadismo, em alguns casos, pode ser uma opção em pacientes muito sintomáticos e que estão com a mudança do estilo de vida em curso, auxiliando assim no tratamento da obesidade. Como quase tudo na medicina: individualizar é a chave.

Referências:

doi: 10.1111/obr.12282
10.1530/JOE-12-0455

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