Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma das principais causas de incapacidade e mortalidade no mundo. Apesar de ser considerada uma doença dos pulmões tem repercussões sistêmicas graves como perda de peso, sarcopenia e anormalidades nutricionais. Esses efeitos sistêmicos é que determinam a capacidade física e qualidade de vida do paciente e estão diretamente relacionadas ao aumento da incapacidade e da mortalidade.
Em poucas palavras, a sobrevivência do paciente com DPOC depende da manutenção da massa magra, por esse motivo são tentadas abordagens nutricionais e reabilitativas agressivas, o que frequentemente se torna um problema pois pacientes com DPOC têm dificuldade em cumprir com programas de treinamento, e a abordagem nutricional isolada pode ser insuficiente ou até trazer efeitos negativos no ganho significativo de gordura sem recuperação da massa magra.
Nesse cenário a utilização de esteroides anabolizantes se torna uma opção para melhora da qualidade de vida e diminuição da mortalidade desses pacientes. Uma meta análise de 2013 concluiu que, em conjunto com um programa de reabilitação, a utilização clínica de esteroides anabolizantes pode reverter diversos dos danos sistêmicos causados pela doença através do ganho de peso, ganho de massa magra, aumento da força e capacidade física e, em alguns estudos, até melhora da função respiratória.
Sendo a DPOC uma doença crônica, progressiva e sem reversão significativa, é essencial que a manutenção da qualidade de vida e independência do paciente seja prioridade do médico assistente, e o tratamento deve sempre priorizar possibilidades de reabilitação, abordagem nutricional, treinamento físico e, quando indicado, esteroides anabolizantes.
Como sempre, o tratamento do paciente não deve ser prejudicado ou limitado pelo preconceito, medo ou incapacidade técnica do médico para prescrever fármacos anabolizantes adequados.
Texto em parceria com Pedro Toledo.
Referência:
DOI: 10.1371/journal.pone.0084855