Fadiga adrenal! Não é de hoje que alguns médicos e profissionais de saúde usam o termo. Mas será que esse termo existe na literatura médica?
Com o intuito de responder essa pergunta, em 2016, Cadegiani e Kater fizeram uma revisão sistemática buscando pelos termos relacionados com a suposta “fadiga adrenal”. Eles buscaram nas principais bases de dados (PUBMED, MEDLINE e Cochrane databases) desde o INÍCIO dos dados até abril de 2016. E o que encontraram?
Dos estudos buscados, apenas 10 usaram o termo exato “fadiga adrenal”, eram todos descritivos e não realizaram testes específicos para avaliação do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA).
Além disso, os estudos encontrados, mostraram muitas limitações, dentre as principais: heterogeneidade do desenho do estudo; natureza descritiva do maioria dos estudos; baixa qualidade da avaliação da fadiga; o uso de uma metodologia não comprovada em termos de avaliação do cortisol (não endossada por endocrinologistas); premissas falsas que levam a uma sequência incorreta de direção da pesquisa e conclusões inadequadas/inválidas quanto à causalidade e associação entre diferentes informações.
Portanto, os autores concluíram que até o momento, não há nenhuma prova ou demonstração da existência de fadiga adrenal na literatura. Embora um número significativo de estudos relatados mostrasse diferenças entre os grupos saudáveis e fatigados, questões metodológicas importantes e fatores de confusão eram aparentes. Como por exemplo, não utilizarem os métodos mais apropriados para a avaliação do eixo HPA.
Texto em parceria com Osman Vieira.
Referência:
doi: 10.1186/s12902-016-0128-4.