Ansiedade. Antes dos anos 90, a maioria dos estudos sobre os efeitos ansiolíticos do exercício físico focava em avaliar apenas estados de ansiedade. Isso limitava a validade das conclusões para pessoas com ansiedade patológica.
Atualmente, há mais estudos envolvendo pacientes com transtorno de ansiedade. O objetivo desta postagem é revisar artigos que discutem como o exercício físico influencia os transtornos de ansiedade estabelecidos.
Nos últimos anos, o avanço tecnológico e as pressões sociais, políticas e econômicas contribuíram para o aumento dos problemas mentais emocionais. Em situações emocionais, as pessoas podem experimentar três emoções principais: raiva direcionada para fora (cólera), raiva direcionada para si mesmo (depressão) e ansiedade ou medo. O corpo reage a essas situações com comportamentos de fuga ou ataque. Quando essa reação se torna crônica e persistente, pode levar a transtornos de ansiedade.
No entanto, a prática regular de exercícios físicos aeróbicos tem mostrado efeitos antidepressivos e ansiolíticos, além de proteger o organismo dos efeitos prejudiciais do estresse na saúde física e mental. Pesquisas nessa áreas tem mostrado resultados promissores no que diz respeito à saúde pública e às reações emocionais a situações estressantes que podem desencadear transtornos de ansiedade.
Os estudos analisados investigaram principalmente os efeitos do exercício físico em pacientes clinicamente diagnosticados com transtornos de ansiedade, com destaque para o transtorno do pânico. Isso pode ser devido às semelhanças entre as respostas fisiológicas observadas durante um ataque de pânico e as alterações ocorridas durante o exercício físico, como aumento da frequência cardíaca, respiração e pressão arterial, e níveis de lactato sanguíneo.
O exercício físico, por induzir alterações semelhantes às experimentadas durante um ataque de pânico, pode ser considerado um agente estressor que desencadeia um processo de avaliação e preparo de reação, envolvendo alterações fisiológicas. Portanto, o exercício físico pode contribuir para o tratamento psicoterapêutico de exposição gradual e sistemática, através de um treinamento físico específico.
No geral, os estudos indicam que atividades físicas aeróbicas ou de resistência são úteis no controle de quadros ansiosos. O exercício físico pode ser uma primeira abordagem de controle não medicamentosa, oferecendo uma alternativa para evitar a dependência de medicamentos. No entanto, é necessário considerar a consulta individualizada para determinar se essa abordagem é a mais adequada para o seu caso.
Mais sobre o assunto:
Estudos epidemiológicos sugerem que 30 a 43% dos pacientes tratados em cuidados primários para ansiedade usam remédios de medicina complementar e alternativa (MCA) como pelo menos parte de seu tratamento.
Ensaios clínicos sugerem que o exercício pode diminuir a ansiedade em pacientes com sintomas ou distúrbios de ansiedade.
O treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) e o treinamento de baixa intensidade (LIT) demonstraram ser eficazes como complemento ao tratamento de primeira linha para transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Em um estudo, 33 indivíduos com TAG foram aleatoriamente designados para tratamento com HIIT ou LIT durante um período de 12 dias. Embora ambos os grupos de tratamento tenham apresentado melhorias nas medidas clínicas de ansiedade de acordo com várias escalas de sintomas, o HIIT teve maiores alterações nas pontuações médias do que o LIT no final do período de intervenção e no acompanhamento de 18 dias.
Um estudo randomizado de 16 meses envolvendo 74 pacientes ambulatoriais com transtorno do pânico, TAG ou transtorno de ansiedade social comparou a combinação de TCC e exercícios (caminhada em casa designada) com TCC combinada com sessões educacionais adicionais. Uma comparação dos níveis de sintomas antes e depois da intervenção de 16 meses encontrou reduções na depressão, ansiedade e estresse relatados pelo sujeito em indivíduos designados para TCC/exercício em comparação com TCC/educação.
Um ensaio clínico randomizado comparou exercícios aeróbicos (corrida), clomipramina, combinação de exercícios/clomipramina e pílula placebo no tratamento de pacientes adultos ambulatoriais com transtorno de pânico moderado a grave. Após 10 semanas de tratamento, os indivíduos designados para receber clomipramina apresentaram maior redução nos sintomas do transtorno do pânico em comparação com os indivíduos designados para exercícios ou placebo, e o grupo de exercícios apresentou uma redução maior em comparação com o grupo placebo.
Referências:
DOI:
10.1590/S1516-44462006005000027
10.1176/ajp.155.5.603.
10.1016/j.janxdis.2007.09.010.
10.1038/bjc.2014.612.
10.1002/da.22370.
PMID: 20387774
Dr Marcos Staak Jr | Médico | CRM-SC 17642
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