Muitos são seduzidos pelos influenciadores da internet na busca pelo shape perfeito, mas poucos conhecem o que acontece nos bastidores e acabam fazendo besteira. Quando isso acontece vem a pergunta: Como posso voltar à minha produção hormonal sem prejudicar a minha qualidade de vida?
A principal medicação para esse fim é o citrato de clomifeno (CC), um SERM desenvolvido em 1956 para o tratamento de infertilidade feminina. O CC funciona competindo com o estrogênio endógeno nos receptores do hipotálamo. Ou seja, há um aumento no estímulo da produção de LH e FSH como resposta à redução do estradiol circulante.
Nos homens, o aumento do LH e FSH estimula as células de Leydig e Sertolli a produzirem testosterona e espermatozóides. O que desejamos ao interromper o uso de anabolizantes.
Mas por que o clomifeno e não o tamoxifeno?
O tamoxifeno funciona ligando-se de forma mais seletiva aos receptores estrogênicos da mama e pode ter um menor estímulo à produção de LH e FSH pela hipófise. A literatura reforça o uso do clomifeno ao invés do tamoxifeno para o aumento de estímulo de secreção de gonadotrofinas.
E os inibidores de aromatase? Quando utilizar?
O anastrozol e letrozol funcionam inibindo a conversão periférica de testosterona em b-estradiol, em potências diferentes. Dessa forma, há redução dos níveis circulantes do estradiol.
Ao encerrar a utilização de esteroides anabolizantes, pode haver um desbalanço na relação entre testosterona e estradiol, causando sintomas desagradáveis, como humor deprimido, desejo sexual hipoativo e disfunção sexual. O estradiol, ainda, causa uma potente inibição via feedback negativo da secreção pulsátil de GnRH pelo hipotálamo.
E o HCG? Qual a utilidade?
Vendido, no Brasil, como Choriomon, vem em apresentação única: 5000UI. Muitos acreditam que o HCG restaura o eixo. No entanto, não é bem assim. O HCG possui uma ação mimética a do LH. Assim, ele age diretamente nas células de Leydig, reduzindo a produção fisiológica de LH e, consequentemente, de testosterona pelos testículos.
Então… o HCG é inútil nesse momento? Depende!
Caso bem programado, pode funcionar como uma ponte entre o uso de andrógenos exógenos e os SERMs, estimulando os receptores gonadais e aumentando o volume testicular, o que melhorará a resposta do citrato de clomifeno. Contudo, caso tenha perdido essa “janela de oportunidade”, já não terá utilidade. Isso deverá ser discutido com o médico responsável.
E agora? Por quanto tempo devo usar essas medicações? Novamente, a resposta é variável. Depende da quantidade de andrógenos utilizados, do tempo de uso e da genética individual de cada um. Todas as medicações citadas podem ser utilizadas e possuem grande tolerabilidade, mas as contraindicações de cada uma também precisam ser discutidas em consulta médica.
Ao fim do tratamento, o desmame das drogas é bem-vindo, justamente para estabilização do eixo HPTA.
Se você já é usuário de hormônios ou fármacos para aumento de performance, procure um médico para monitorar sua saúde. Busque o cuidado e informações médicas direcionadas, de qualidade e sem julgamento se você for usuário de esteroides ou qualquer outra substância para performance.
Referências:
doi: 10.1111/j.1464-410X.2011.10702
doi: 10.4103/iju.IJU\_372\_16.
[http://doi.org/10.1590/S1677-5538.IBJU.2021.0724](http://doi.org/10.1590/S1677-5538.IBJU.2021.0724 “smartCard-inline”)
Dr. Marcos Staak Jr | Médico | CRM-SC 17642
@walkerhcaixeta