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A fisiologia do GH e o por quê do seu uso por atletas

O GH é um hormônio peptídeo produzido e secretado pelas células somatotróficas localizadas na região anterior da hipófise. Essa secreção se dá de forma pulsátil e é regulada por hormônios hipotalâmicos: o hormônio liberador de hormônio do crescimento (GhRH) induz a secreção de GH, enquanto a somatostatina (SS), também chamada de hormônio inibidor da liberação de GH, inibe a secreção de GH. A forma com que esses pulsos do GH são liberados dependem do sexo, idade, sono, dieta, e da quantidade de tecido adiposo presente no indivíduo. O mecanismo controlador desses hormônios hipotalâmicos respeitam o modelo de feedback negativo (veremos mais a frente).

Os efeitos de crescimento propriamente ditos do GH são mediados principalmente pelo IGF-1 (insulin growth factor-1). O GH estimula a síntese de IGF-1 nos tecidos, sendo o fígado o órgão chefe responsável pela produção de IGF-1 sérico. Porém, esse mesmo GH também age no tecido muscular sendo capaz de estimular a síntese de IGF-1 muscular (mIGF-1) responsável pelo estímulo de síntese proteica. Portanto, não é o GH em si que age no músculo, e sim o IGF-1 que tem sua síntese estimulada pelo GH. Curiosamente, o exercício resistido também promove a síntese de GH além de estimular a síntese de mIGF-1.

Como citado anteriormente, os hormônios hipotalâmicos envolvidos na secreção de GH seguem um feedback negativo. Níveis altos de IGF-1 sérico ativam a SS no hipotálamo e inibem a secreção de GH. O mesmo acontece com a administração exógena de GH, que inibe sua produção endógena.

Já é bem estabelecido na literatura que o uso suprafisiológico de GH não potencializa os efeitos do exercício na massa muscular ou força em indivíduos saudáveis. Apesar da grande fama, o GH não se destaca como um grande agente de atividade anabólica, mas sim como um anti-catabólico. Na realidade, tanta a administração de GH, ou de IGF-1 diretamente, reduzem o balanço nitrogenado negativo em indivíduos em restrição calórica. Uma dose de GH no período de 24h é capaz de aumentar os níveis sérios de IGF-1 em até 3x o nível basal. No entanto, nem o IGF-1 nem o GH são capazes de positivar o balanço nitrogenada, comprovando a sua baixa capacidade anabólica. Entendeu a diferença?

Então por que atletas usam o GH?

Deixando de lado o fato de ser um bom anti-catabólico (o que pode facilmente ser substituído por outros compostos, como a testosterona), existem alguns fatores que influenciam seu uso como uma droga de performance:

1 – O GH é lipolítico (queima gordura)

2 – O GH acelera o processo de maturação do colágeno e tem efeito positivo no turnover ósseo, fortalecendo o tecido conjuntivo e reduzindo o risco de lesões

3 – Existem relatos de melhora na qualidade da pele, da visão e do tempo de recuperação de lesões

4 – O GH em conjunto com os esteróides anabólicos agem de forma sinérgica na melhora da composição corporal.

Concluindo, não é o GH que irá transformar radicalmente o seu corpo. Ele é apenas a cereja do bolo no quesito estético.

Referências:

doi: 10.1038/bjp.2008.153
doi: doi.org/10.1590/S0102-86502000000700017

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