Sabemos que estamos no mês da conscientização mundial sobre o câncer de mama, o Outubro Rosa. Esse movimento tem o intuito de proporcionar mais acessos aos serviços de diagnóstico, tratamento e prevenção desse câncer.
Uma das maneiras de entender a progressão do câncer mais comumente diagnosticado entre as mulheres é entendendo qual a importância de um dos fatores relacionados à predisposição deste câncer: os níveis séricos da 25-hidroxi(OH) vitamina D.
A 25-OH-Vit. D é a vitamina que produzimos naturalmente em nosso corpo com a exposição solar/Raios UV, mas que, apesar desta ser nossa principal fonte, podemos encontrar presente em alimentos como peixes, laticínios, ovos e cogumelos. Podemos, ainda, ter como fonte a suplementação vitamínica, comumente encontradas nas farmácias, porém deve haver indicações clinicas para essa suplementação.
A Vit.D tem sua forte ação endócrina, mas também possui ampla ação no sistema imunológico e propriedades antiproliferativas em todo o organismo. Acredita-se que níveis séricos subótimos dessa vitamina podem levar a proliferação celular desimpedida, formação de novos vasos e metástase de células tumorais. Além disso, sabemos que há uma correlação na deficiência da Vit.D com o aumento da incidência de doenças malignas da mama.
Apesar da alta gama de estudos sobre essa relação da Vit.D e câncer de mama, a maioria deles foram feitos com base em populações de países europeus e norte americanos, onde a exposição solar é naturalmente menor durante o ano. Assim, um grupo de pesquisadores indianos buscaram, recentemente, estudar como seriam os efeitos nessa relação em um pais tropical, onde a exposição a luz solar é abundante o ano todo.
Como o Brasil também é um pais tropical, podemos nos basear nos resultados desse estudo para um melhor manejo de pacientes com câncer de mama, além de termos uma possível aliada no tratamento desta doença.
Vários estudos têm mostrado associações entre a Vit. D adequada e diminuição da incidência de neoplasias de cólon, mama, ovários, próstata, rins, pâncreas. Essa vitamina, quando em níveis suficientes, poderia ser capaz de previnir cerca de 3/4 das mortes por câncer de mama e cólon nos EUA e Canadá.
O estudo feito na Índia avaliou os níveis de Vit. D das pacientes recém diagnosticadas com diferentes tipos de câncer de mama agressivos e quais seriam as consequências de cada nível. Essa quantidade foi classificada em 3 níveis; suficiente, insuficiente e deficiente, a fim de estratificar melhor quais seriam os desfechos de cada um no prognóstico dessa doença.
Com base nisso, observou-se que das mulheres com câncer de mama, apenas 4% das pacientes apresentaram uma deficiência de Vit. D. Porém, 82% delas tinham um certo grau de insuficiência da vitamina e somente 14% tinham níveis suficientes. Como foi montado um grupo controle de mulheres saudáveis, só 35% tinham insuficiência e o resto apresentou níveis adequados.
Assim, após uma análise detalhada de outras variáveis, concluiu-se que que os níveis da Vit. D têm uma associação significativa com o grau dos tumores e que essa relação pode contribuir nos marcadores do NPI (Índice de Prognótico de Nottingham). Os metabólitos da vitamina D tem propriedades anticarcinogênicas e de apoptose (destruição da célula) tumoral.
Então é importante ressaltar que níveis adequados de vitamina D são benéficos não apenas para diminuir a incidência de malignidade das doenças neoplásicas, mas também em várias condições de saúde. A implementação de alimentos ricos em vitamina D ou suplementação poderia ser considerada se futuros estudos em grande escala apresentarem um quadro semelhante.
Por isso, recomenda-se expor aos raios solares por pelo menos 140 minutos por semana para produzirmos a quantidade ideal dessa vitamina. De acordo com a OMS, há insuficiência quando a concentração é menor do que 30 ng/ml. Procure SEMPRE acompanhamento médico para saber se é necessário a reposição e faça exames regularmente!