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Benefícios da metformina na fertilização in vitro nas pacientes com SOP

A síndrome do ovário policístico (SOP) é uma das endocrinopatias mais comuns associadas a distúrbios reprodutivos. Cerca de 9% a 18% das mulheres sofrem com a condição. A SOP corresponde também a aproximadamente 80% das mulheres com infertilidade anovulatória, inclusa nos distúrbios da ovulação.⁣

A síndrome é descrita desde 1935, quando criou-se os critérios de diagnóstico, sendo definidos quando a paciente apresentar 2 destas características:⁣
– ciclo menstrual anormal (para idade ou idade ginecológica)⁣
– sintomas persistentes por 1-2 anos⁣
– clínica e/ou sinais bioquímicos de hiperandrogenismo (hirsutismo moderado a severo ou elevação da testosterona total ou livre)⁣

Assim, já derrubamos o conceito de que o diagnóstico de ovários policísticos ao ultrassom, exclusivamente, não faz diagnóstico de SOP.⁣

A característica mais importante dessa síndrome é o hiperandrogenismo (excesso de hormônios “masculinos”). ⁣

As manifestações clinicas são caracterizadas por:⁣
– hirsutismo (excesso de pelos)⁣
– acne⁣
– alopécia androgênica (queda de cabelo/calvíce)⁣
– aumento da libido⁣
– virilização em alguns casos. Quando houver esta, um marcador bioquímico importante é a testosterona sérica (livre ou total) elevada.⁣

Outras manifestações mais heterogêneas da SOP podem ser: infertilidade, obesidade, secreção inadequada de gonadotrofinas (níveis de LH circulante elevados), complicações na gravidez, doenças cardiovasculares e problemas psicológicos.⁣

Além disso, são comuns alterações metabólicas em mulheres com este transtorno, em especial a resistência à insulina acompanhada de hiperinsulinemia compensatória, o que nos leva a pensar no papel da insulina na patogênese da SOP.⁣

Então, ao tratar a resistência à insulina nas pacientes com esse distúrbio, foi observado uma melhora na ovulação e na fertilidade. Isso levou a uma série de estudos sobre o papel dos sensibilizadores de insulina, como a Metformina, para o tratamento da SOP.⁣

A metformina é um medicamento hipoglicemiante (reduz o nível de glicose na corrente sanguínea), o qual é utilizado em pacientes com hiperglicemia/Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) e tem sido amplamente utilizado no tratamento de mulheres com SOP. Esse medicamento tem 3 mecanismos de ação principais: Redução da produção de glicose hepática por inibição da glicogênese e gliconeogenese; melhora a captação periférica de glicose nos músculos através da melhora da sensibilidade à insulina; Retardo da absorção de glicose pelo TGI.⁣

Na década de 90, uma série de estudos envolvendo ensaios comparativos relativamente pequenos indicou que a Metformina pode aumentar a ovulação e melhorar os resultados entre mulheres com SOP submetidas a Tecnologia de Reprodução Assistida (TRA) com e sem ciclos de Citrato de Clomifeno (medicamento utilizado no tratamento da infertilidade feminina decorrente de anovulação) e/ou gonadotrofinas exógenas. E também pode reduzir a resistência a insulina, o que pode melhorar os níveis de testosterona, dado que foi associado uma relação dos nives de insulina e a testosterona circulante nas mulheres com SOP.⁣

Com base nos estudos, os critérios de exclusão foram: pacientes com DM2, outras doenças endócrinas e uso prévio de metformina. Vale lembrar que a eficácia do medicamento pode variar de acordo com o IMC e estilo de vida dos pacientes. Também não há evidências de infertilidade após o uso crônico de metformina e nem correlacionado à alguma outra doença gestacional.⁣

Desta forma, foi observado que a metformina tem a capacidade de reduzir o risco da Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO) devido a expressão negativa do fator de crescimento endotelial em mulheres com SOP submetidas a fertilização in vitro. Além disso, outros estudos mostraram que pode-se ter uma melhorada gravidez clínica e taxas de nascidos vivos, bem como diminuição dos abortos e melhora da implantação redução dos níveis de triglicerídeos em pacientes com SOP e não diabéticas. Lembrando que seu uso não diminui os riscos da DM gestacional.

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