Caiu no senso comum e é defendida por muitos profissionais de saúde a ideia que “contraceptivos hormonais engordam”. Mas será?
De início, é importante destacar que existem diversos contraceptivos hormonais, com diferentes composições (ex.: combinados, isolados, hormônios bioidênticos, sintéticos…), diferentes concentrações e diferentes vias de administração. Assim, é fácil perceber que seus efeitos não podem ser generalizados como se fossem um grupo uniforme – sem levar, inclusive, as características individuais de cada mulher (como a sensibilidade para determinado hormônio).
Os anticoncepcionais orais (ACO) são os mais usados pela população feminina, e vistos como os maiores violões e responsáveis pelas suas mudanças corporais. No entanto, grandes revisões de literatura evidenciam que o uso dos ACOs não têm grande impacto na composição corporal!
Foi demonstrado um ganho de peso pouco significativo pelas usuárias (0,5 a 2kg em cerca de 1 ano), porém, esse ganho também foi visto nas não usuárias, sendo atribuído a diversas outras características da vida dessas mulheres – como maus hábitos alimentares, sedentarismo, má qualidade de sono, entre outros.
Em relação ao ganho de massa muscular, sabe-se que os ACOs podem aumentar as concentrações da SHBG (principal proteína que “carrega” os hormônios sexuais pelo sangue), diminuindo a biodisponibilidade de testosterona. Na prática vemos que isso pode sim dificultar o desenvolvimento de massa magra, apesar da pouca evidência científica dessas alterações/dificuldades nos resultados.
No meu dia a dia de consultório, observo usuárias de pílulas combinadas (estrogênio + progestágeno) que relatam dificuldade com hipertrofia, porém há outros fatores em conjunto que contribuem pra isso – periodização de treino, qualidade do descanso e alimentação voltada ao mesmo objetivo.
Assim, fica claro que adequando os hábitos de vida e mantendo-os de forma consistente, é possível alcançar resultados. Mantendo uma dieta e um treino adequados, uma boa ingesta hídrica e uma boa qualidade de sono, a taxa hormonal do ACO pode não ser impeditiva para melhorar sua composição corporal.
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