Função cardíaca. O aumento da pressão arterial ao longo do tempo em crianças e adolescentes, especialmente relacionado à epidemia da obesidade, tem sido objeto de atenção por profissionais de saúde e pela comunidade científica. Estudos indicam que a prevalência de hipertensão nessa faixa etária é de aproximadamente 4% e a de pressão arterial elevada, de acordo com novas diretrizes, chega a 15%. Essas estimativas podem ter sido subestimadas anteriormente, mas há indícios de que as taxas estejam aumentando em países em desenvolvimento. A relação entre hipertensão e o desenvolvimento precoce de lesões nos órgãos têm recebido maior atenção nos últimos anos.
Fatores de risco modificáveis, como hipertensão, diabetes, tabagismo, dislipidemia, má alimentação, sedentarismo e obesidade, desempenham um papel significativo na prevenção de acidentes vasculares cerebrais e outras doenças. A associação entre obesidade e hipertensão levou ao desenvolvimento de medidas simples e de baixo custo para avaliar a adiposidade corporal, como índice de massa corporal, circunferência da cintura e porcentagem de gordura corporal. É amplamente documentado que fatores de risco durante a infância podem levar a complicações cardiorrespiratórias na adolescência e na fase adulta.
De acordo com a importância dos dados anteriores, foi realizado um estudo com 469 crianças e adolescentes com idade entre 7 e 17 anos, em escolas públicas e privadas em todas as regiões do Brasil. A amostra foi analisada em dois momentos: Primeiramente em 2011/2012 e segundamente reavaliada em 2014/2015. Foi aferida a pressão arterial, índice de massa corpórea, porcentagem de gordura corporal, perfil lipídico, triglicérides, colesterol total e glicemia.
O experimento mostrou que crianças e adolescentes com uma porcentagem mais alta de gordura corporal se apresentaram em maior porcentagem hipertensos, corroborando achados na literatura. A redução da gordura corporal pode ser benéfica na prevenção e controle da hipertensão em crianças. Estudos mostraram que a perda de peso tem efeitos benéficos sobre a hipertensão e eventos cardiovasculares em adultos. Mudanças no estilo de vida, incluindo a redução de peso, são metas importantes na prevenção primária de eventos cardiovasculares.
Uma redução de 5% no peso corporal está associada a uma diminuição de 20-30% na pressão arterial, indicando melhora na função vascular. Estudos sugerem que a associação entre níveis de pressão arterial e obesidade pode estar mais relacionada à composição corporal do que ao peso em si. A perda e o ganho de peso têm um grande impacto na reversão e no desenvolvimento da hipertensão, respectivamente.
Referência:
DOI: 10.36660/abc.20220070
Marcos Staak Jr | Médico | CRM-SC 17642
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