O uso ilícito de esteroides anabolizantes (EAA) aumentou de maneira desenfreada nos últimos anos, a busca pelo shape de Instagram tem levado muitos a utilizarem hormônios de maneira inconsequente, sem pensar no que os aguarda no futuro, mas uma coisa é certa, essa conta sempre chega.
Prova disso foi o estudo realizado por BAGGISH ET AL, que demonstra a cardiotoxicidade dos esteroides ilícitos.
Para fazer tal estudo foram recrutados homens, levantadores de peso, da casa dos 30 a 50 anos, que pudessem fazer pelo menos 1 repetição no supino reto com 120 kg no presente ou passado próximo. Além disso, dividiram o grupo de usuários em 2 subgrupos: um em que estavam em uso da droga, e outro que estavam no período off (o famoso pós ciclo) comparado com o grupo de pessoas que nunca usaram.
Os pacientes recrutados foram avaliados, e uma anamnese sistemática foi feita, para se obter a história de tempo de uso de esteroides, dose máxima semanal, dose cumulativa durante os anos, qual foi a última vez que uso assim como quais hormônios foram utilizados.
E TEVE FAKE NATTY ATÉ NO ESTUDO!
Foram excluídos paciente com index de massa maior que 26 kg/m2 com uma porcentagem de gordura corporal menor que 10%, o que demonstra uma combinação que sugere fortemente o uso de esteroides, traduzindo o famoso cara grande e seco o ano inteiro, que diz que é só a creatina.
Mas vamos falar sobre o que interessa, os resultados!
Metabolicamente falando, os pacientes usuários de EAA tiveram maior incidência de pressão alta e maior prevalência de dislipidemia, com o colesterol acima de 160. Cabe aqui pontuar, que apesar de sabermos que isso é esperado durante o uso de esteroides, a dislipidemia e a alteração de pressão são dois importantes marcadores cardiovasculares, e que a longo prazo, os desfechos são desfavoráveis, ou seja, altas chances de se tornar hipertenso e ter problemas cardíacos.
Em relação a função e estrutura cardíaca, foi demonstrado que usuários de esteroides possuem maior massa no ventrículo esquerdo, além de paredes mais finas, e uma maior geometria concêntrica do ventrículo esquerdo se comparado a não usuários. Além disso, houve alterações na diminuição da fração de ejeção do ventrículo esquerdo, chegando aos 10% de diferença quando comparados ao grupo de controle.
Também foi demonstrado a alteração da função diastólica de relaxamento, que teve uma diminuição na velocidade, quando comparado ao grupo de não usuários. Além disso pacientes de uso crônico, apresentaram maiores reservas de placas coronarianas, demonstrando fortes indícios do uso crônico e a aterosclerose, SÓ PARA TER UMA NOÇÃO, NESSE ESTUDO, 3 USUÁRIOS JÁ HAVIAM INFARTADO, um com 38 anos (infarto com oclusão completa da artéria descendente esquerda anterior), o segundo com 43 (infarto com oclusão da coronária direita e esquerda), e o terceiro com 46 anos (infarto com oclusão completa de uma segunda artéria marginal), e PASMEM, todos eles faziam uso crônico de EAA.
A verdade é só uma galera, não existe final feliz com o uso interrupto de hormônios, a tendência é que novos estudos saiam e cada vez mais demonstrem alterações pelo uso crônico de esteroides.
Para você que usa EAA, procure um médico habilitado que possa te ajudar, visto que há consequências, e para você que não usa, STAY NATTY KIDS!
Referência:
DOI: 10.1161/CIRCULATIONAHA.116.026945. PMID: 28533317; PMCID: PMC5614517.
Dr. Marcos Staak Jr | Médico | CRM-SC 17642