Sabemos que o exercício físico resistido induz inflamação, situação necessária para gerar remodelação tecidual e consequentemente hipertrofia. Por sua vez, os medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), como o ibuprofeno, por exemplo, atuam inibindo a enzima COX; e, com isso, bloqueiam a produção de uma série de mediadores pró-inflamatórios que atuam no processo de inflamação tecidual.
Diante disso, surge a questão: O uso de AINEs realmente pode atrapalhar a hipertrofia muscular?
Para responder essa pergunta, Lilja e sua equipe realizaram um ensaio clínico randomizado com 35 indivíduos jovens submetidos a uma rotina de treinamento resistido supervisionado.
Os pesquisadores dividiram de forma randomizada os voluntários em dois grupos, onde foi comparado os efeitos do uso de 1,2g de ibuprofeno em relação ao uso de 75 mg de Ácido Acetil Salicílico, diariamente, por 8 semanas.
Após esse período, foi realizada uma biópsia muscular do vasto lateral de todos os voluntários de modo a se avaliar uma série de mediadores necessários no processo de hipertrofia tecidual. Além disso, antes e após o experimento, foi realizada uma ressonância magnética de cada indivíduo, de modo a quantificar os ganhos musculares.
A partir disso, os pesquisadores concluíram que o uso diário de ibuprofeno atua atenuando força e adaptações hipertróficas musculares em jovens adultos. Sendo assim, indivíduos que desejam obter um maior rendimento e crescimento muscular devem evitar a ingestão excessiva de drogas anti-inflamatórias.
Vale ressaltar, que o uso agudo e ocasional desses medicamentos, não prejudica significativamente o processo de hipertrofia muscular. Isso se deve ao fato de que o processo de hipertrofia muscular ocorra a partir de uma resposta adaptativa crônica ao treinamento resistido.
Por fim, um ponto que deve ser considerado é que a necessidade do uso diário de anti-inflamatórios pode sugerir a presença de alguma patologia, ou mesmo, uma prescrição inadequada de treinamento. Sendo assim, é importante que na presença de qualquer dor muscular ou tendínea duradoura, seja realizado um acompanhamento médico a fim de se compreender a causa da dor; e, com isso, ser realizado o tratamento definitivo da condição.
Referências:
DOI: 10.5007/1980-0037.2011v13n4p320
DOI: 10.1111/apha.12948