Creatina é uma proteína encontrada em alimentos de origem animal e sintetizada pelo organismo, é armazenada principalmente (cerca de 95%) no músculo esquelético, podendo ser encontrada na sua forma livre (40%) ou fosforilada (60%).
A síntese de creatina pode ocorrer no fígado, nos rins e no pâncreas, tendo como precursores a arginina, a glicina e a metionina. Para que ocorra a síntese o grupo amino da arginina é transferido, por meio da glicina transaminase, para a glicina, formando guanidinoacetato e ornitina. O guanidinoacetato é metilado pela s-adenosil-metionina pela ação da enzima guanidinoacetato N-metil transferase, formando a creatina.
A ingestão de creatina exerce uma função de regulação na sua síntese, através do mecanismo de feedback negativo. Sua captação pelas células musculares pode ser influenciada pelos níveis de catecolaminas, de insulina e de fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1), por isso, alguns profissionais recomendam sua ingestão juntamente com carboidratos.
A energia utilizada para a contração muscular é resultante da quebra da ligação entre as moléculas de fósforo da adenosina trifosfato (ATP). Após essa quebra forma-se uma adenosina difosfato (ADP) e um fósforo inorgânico livre no citoplasma, a creatina é a proteína responsável por armazenar esse fósforo e possibilitar a ressíntese de ATP.
O uso de creatina para fins de performance é amplamente estudado, tanto para confirmar sua eficácia, quanto para avaliar possíveis riscos.
Os estudos mais recentes da creatina apontam que atletas sob uso desse recurso apresentam aumento de força, velocidade de recuperação entre séries e aumento na quantidade de repetições máximas, efeitos decorrentes da conversão mais rápida de ADP em ATP, proporcionando mais energia nos sítios de ligação de actina e miosina (proteínas responsáveis pela contração muscular).
Quanto aos riscos do uso da creatina, é comum ouvirmos alegações sobre danos aos rins, contudo, não existem evidências de efeitos deletérios da creatina em pacientes saudáveis. O uso de 5 gramas de creatina de forma crônica ou o uso de 20 gramas durante 6 semanas
(conhecido como fase de carregamento, posteriormente substituído pelo uso crônico de 5 gramas) já foram estudados e são seguros para pessoas sem doenças renais prévias.
Além dos estudos com atletas, a creatina já foi estudada para outros fins. Hoje seu uso estende-se para o tratamento adjuvante em sarcopenia e melhora da cognição.
Publicação em conjunto com Pedro Calixto.
Referências:
REBELLO MENDES, Renata; TIRAPEGUI, Julio. Creatina: o suplemento nutricional para a atividade física – Conceitos atuais. ALAN [online]. 2002, vol.52, n.2, pp.117-127. ISSN 0004-0622.
doi: 10.1590/S1517-86922010000300013
doi: 10.1590/S1415-52732002000100009