As perguntas que eu mais recebo no Instagram são relacionadas a fármacos, hormônios e terapias/tratamentos. Muitas dessas já vem com um “conceito formado”, e que muitas vezes é baseado em informações controversas.
Já falei em outros momentos aqui – por mais que hoje se tenha muito acesso à informação, e que qualquer pessoa possa, virtualmente, estudar sobre qualquer assunto, o que o ambiente acadêmico confere aos profissionais de saúde é o desenvolvimento do raciocínio clínico.
Qualquer um de vocês que está aqui lendo pode comprar todos esses livros da imagem, ler cada um deles, entender (de certa forma) e saber o conteúdo deles. Porém a forma de colocar esse conteúdo em prática, relacionando a teoria com a prática, é algo que não se aprende pela internet. Nem mesmo pelo YouTube, ou por algum curso de área básica.
Entender de mecanismos bioquímicos, moleculares, de fármacos em sua teoria, não faz com que esse conhecimento seja transponível ao nível clínico, ao tratamento de pessoas.
A prescrição é uma prerrogativa de peso, e a mesma sofre regulamentação por conselhos profissionais, por exemplo. Eu tenho responsabilidade sobre o que sai com minha assinatura de dentro do consultório. Porém se o Zezinho estudar, aprender, orientar uso de medicamentos, por mais que ele saiba de bioquímica, fisiologia, farmacologia, entre outros, ele não poderia prescrever nada. E se o fizer, pode causar um desserviço à saúde de um terceiro. E se isso se concretizar, não há a quem recorrer.
A caminhada para chegar a uma prescrição é longa. O pensamento e o raciocínio divagam ao longo de mais de 1h de consulta, onde a coleta de história clínica se associa ao exame físico e aos exames complementares, elaborando possibilidades que vão para o papel. É um estado da arte, por assim dizer. E infelizmente vem sendo banalizado por tantos profissionais, ou mesmo por pessoas que sequer profissionais são.
Cada um cuida de si, e cada profissional deveria focar na sua área. O trabalho em conjunto traz melhores resultados. SEMPRE!
Preste atenção das fontes de onde você consome suas informações, e tenha consciência. Às vezes as pessoas se dão conta disso tarde demais.