O Prêmio Nobel de Huggins estabeleceu a ralação sobre administração exógena de testosterona e aumento do risco de câncer de próstata (CaP); e quase 80 anos depois ainda há controvérsia sobre isso, o que acontece?
O hipogonadismo masculino é uma síndrome clínica atribuída a deficiência de androgênio (testosterona), podendo afetar várias funções dos órgãos; os níveis de testosterona diminuem progressivamente com a idade. O estudo de Huggins de 80 anos atrás demonstrou que a testosterona foi um hormônio impulsor oncogenética no CaP. Há evidências em ambiente in vitro que essas células são dependentes de andrógenos, pois sofrerão apoptose e redução da proliferação celular com a retirada desse hormônio.
A teoria da saturação de andrógenos propõe que os efeitos de testosterona na próstata são limitados pela capacidade e concentração de receptores androgênicos, e, portanto, em um nível limiar a testosterona não terá efeito sobre a próstata. O modelo sugere então que os níveis de testosterona sérica podem não ser relacionados com o CaP.
Clinicamente, essa teoria foi consolidada, pois embora a terapia de reposição de testosterona (TRT) aumente os níveis séricos, não se correlaciona aos níveis de testosterona dentro da próstata, na biópsia de homens em TRT.
Além disso, houve homens que tiveram seu CaP tratado por prostatectomia radical + radioterapia com intenção curativa e a TRT foi segura nesses casos!
A testosterona promove lipólise e inibe o desenvolvimento de adipócitos. Cerca de 50% dos pacientes com CaP serão expostos a terapia de privação androgênica (ADT), o que é relatado como um efeito negativo na qualidade de vida. A ADT + CaP foi associada a resistência a insulina, com obesidade e diminuição da massa muscular.
Intervenções com TRT em homens com hipogonadismo se mostraram benéficas na adiposidade, resistência à insulina e controle glicêmico, além de melhorias em fatores de risco cardiovasculares e níveis de colesterol e triglicérides. Há também efeito satisfatório nas questões sexuais e nos sintomas depressivos.
