Nos últimos 40 anos, observou-se uma diminuição global na quantidade e qualidade espermática. Fatores como estilo de vida, estresse mental, obesidade, excesso de trabalho e falta de sono desempenham um papel importante na saúde reprodutiva masculina. No entanto, um dos fatores mais críticos que afeta negativamente a fertilidade masculina é o uso de testosterona em doses supraterápicas e outros esteroides anabólicos androgênicos (EAA). Este uso indiscriminado tem se tornado cada vez mais comum entre atletas amadores, com implicações significativas para a saúde reprodutiva e social.
O estudo: métodos e objetivos
Para entender melhor o comportamento da população em relação ao uso de testosterona e outros EAA, foi realizado um estudo baseado em um questionário online anônimo. O objetivo era analisar as semelhanças e diferenças entre usuários de esteroides anabolizantes e aqueles que nunca haviam feito uso dessas substâncias, buscando compreender o contexto social, econômico e de saúde relacionado a essa prática.
Perfil dos usuários de esteroides anabólicos
O estudo revelou que mais de 35% dos entrevistados utilizavam testosterona, um dado consistente com outros estudos semelhantes sobre o uso de EAA entre a população geral. A faixa etária dos usuários mais comuns era entre 20 e 30 anos, uma fase da vida em que muitos homens estão em excelente condição física e em uma fase potencialmente fértil. Os dados também indicaram que muitos dos usuários de EAA pertencem a uma faixa de indivíduos com boas condições socioeconômicas, o que torna o cenário ainda mais alarmante, pois eles estão em uma idade ideal para ter filhos, mas podem estar comprometendo sua fertilidade devido ao uso dessas substâncias.
Outro dado relevante foi que uma parte significativa dos não usuários planejava utilizar testosterona e outros EAA no futuro. A principal razão para o uso foi a influência de amigos e colegas, mostrando que a pressão social tem um papel fundamental nesse comportamento. Mais de 75% dos usuários declararam ter obtido informações sobre os esteroides anabolizantes por meio da internet, evidenciando a falta de orientação médica e a automedicação prevalente entre esse público. Além disso, mais de 60% dos usuários afirmaram que não procuravam orientação médica em relação ao uso de testosterona, o que demonstra uma preocupação com a saúde negligenciada.
O impacto social e de saúde do uso de EAA
Os resultados deste estudo indicam uma tendência crescente para o uso de testosterona e outros EAA, além de uma prática alarmante de autodiagnóstico e automedicação, especialmente entre homens jovens em boas condições socioeconômicas. Isso representa um problema significativo no contexto da saúde reprodutiva masculina, já que o uso de esteroides anabolizantes pode afetar irreversivelmente a fertilidade.
É essencial que a sociedade esteja ciente dos riscos do uso indiscriminado de EAA e que a educação sobre a saúde reprodutiva masculina seja uma prioridade. O objetivo do treinamento físico não deve ser apenas a busca por uma aparência estética, mas sim a obtenção de benefícios para a saúde física e mental a longo prazo. O uso responsável de substâncias, sempre com a orientação de profissionais de saúde, é crucial para evitar danos à saúde e garantir uma qualidade de vida plena, inclusive no que diz respeito à fertilidade.
Portanto, conscientizar os jovens atletas sobre os efeitos adversos dos esteroides anabolizantes, bem como promover alternativas saudáveis para o alcance dos objetivos estéticos e atléticos, é uma ação fundamental para combater essa tendência desfavorável à saúde masculina.
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DOI: 10.3390/jcm13133719