SARMs são seguros? O que dizem as evidências clínicas

Nos últimos anos, o uso de SARMs (Moduladores Seletivos do Receptor Androgênico) tem crescido entre praticantes de atividade física e pacientes em busca de ganho de massa muscular. Com promessas de efeitos anabólicos seletivos e menos colaterais do que os esteroides anabólicos androgênicos (EAAs), muitos passaram a acreditar que os SARMs seriam uma alternativa mais segura. Mas o que diz a ciência?

Neste artigo, vamos explorar os dados clínicos mais relevantes sobre o tema — e entender se realmente os SARMs são uma opção viável e segura.

O que são os SARMs?

SARMs são moléculas desenvolvidas para se ligar seletivamente aos receptores androgênicos presentes no músculo esquelético, evitando interações com tecidos como próstata, fígado ou células hematológicas — locais onde os esteroides anabolizantes convencionais costumam causar efeitos adversos.

Essa seletividade teórica motivou seu desenvolvimento para tratar condições como osteoporose e caquexia (perda severa de massa muscular), buscando efeitos anabólicos com menos riscos sistêmicos.

Entretanto, nenhum SARM foi aprovado para uso clínico até o momento — e todos os compostos disponíveis no mercado são considerados substâncias de pesquisa, com venda proibida para uso humano fora de estudos controlados.

O que dizem os estudos clínicos?

Apesar de muitos compostos terem sido estudados em fase pré-clínica, apenas dois SARMs chegaram a testes clínicos controlados em humanos:

1. Ligandrol (LGD-4033)

Um estudo com 76 homens saudáveis avaliou o uso de 1 mg/dia de Ligandrol por 21 dias. Os resultados mostraram:

  • Ganho de 1,2 kg de massa muscular
  • Sem aumento de massa gorda
  • Redução do HDL
  • Supressão da testosterona endógena

Apesar do curto tempo de uso, já foram observadas alterações hormonais e metabólicas significativas — levantando dúvidas sobre a segurança do uso prolongado.

2. Ostarine (Enobosarm)

Estudo com 159 pacientes oncológicos com caquexia, utilizando doses entre 1–3 mg/dia por até 113 dias:

  • Ganho de 1,25 kg de massa magra
  • Sem efeitos colaterais relevantes relatados nesse estudo
  • Melhora funcional leve

Apesar de resultados promissores, o estudo apresenta limitações importantes de tamanho amostral e duração, além de não representar uma população saudável.

Potência e riscos comparados aos EAAs

Os dados disponíveis até o momento sugerem que o potencial anabólico dos SARMs é cerca de 25% do observado com esteroides convencionais — com benefícios limitados e efeitos colaterais ainda pouco compreendidos, especialmente no uso recreativo.

Além disso, estudo com 44 amostras de SARMs vendidos no mercado paralelo revelou que 60% dos produtos estavam contaminados ou eram falsificados — representando riscos reais de toxicidade, contaminação cruzada e ausência do princípio ativo.

Conclusão: são seguros?

Não. Apesar da promessa de seletividade, os SARMs não são seguros, não possuem aprovação regulatória para uso em humanos, e apresentam evidências clínicas frágeis, com efeitos adversos documentados mesmo em curto prazo.

Seu uso, fora de ambiente de pesquisa clínica, não é recomendado e configura prática de risco — tanto do ponto de vista médico quanto legal.

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Referências:

  1. DALTON, J.T. et al. The selective androgen receptor modulator enobosarm improves lean body mass and physical function in healthy elderly men and postmenopausal women. J Gerontol A Biol Sci Med Sci, 2011. DOI: 10.1093/gerona/gls078
  2. CROWLEY, W.R. et al. Pharmacologic profile of ligandrol, a novel nonsteroidal SARM. Steroids, 2020. DOI: 10.1016/j.steroids.2020.108753
  3. DOBS, A.S. et al. Enobosarm in cancer cachexia.Lancet Oncology, 2013. DOI: 10.1016/S1470-2045(13)70055-X

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