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A banalização dos esteroides anabolizantes

Os hormônios esteroides são derivados do colesterol, produzidos pelo córtex das glândulas suprarrenais e pelas gônadas. Os esteroides anabólico-androgênicos pertencem à classe dos hormônios sexuais masculinos e, dentre eles, destaca-se a testosterona. Uma série de indicações tem feito dos esteroides anabolizantes (EA) uma arma terapêutica para diversas condições clínicas: deficiências androgênicas, aplasia de medula óssea, angioedema hereditário, sarcopenia associada à AIDS e DPOC e estados catabólicos em pacientes graves e grandes queimados.

Porém, atualmente a utilização indiscriminada destes está sendo cada vez maior, principalmente por charlatões ou automedicação, em especial pelos praticantes de musculação. Com a grande variedade de benefícios e popularização do uso, muitos hoje imaginam que sejam substâncias banais, mas não é isso que os estudos mostram.

Geralmente, os usuários utilizam diversas substâncias concomitantes, sejam suplementos, outros esteroides anabolizantes ou até mesmo drogas ilícitas, e isso dificulta a observação dos efeitos colaterais especificadamente dos EA.

Estes podem ocasionar aumento de acnes, queda do cabelo, distúrbios da função do fígado, tumores no fígado, explosões de ira ou comportamento agressivo, paranoias, alucinações, psicoses, coágulos de sangue, retenção de líquido no organismo, aumento da pressão arterial, e no caso das mulheres, podem gerar características masculinas no corpo, como engrossamento da voz, surgimento de pelos além do normal, aumento do tamanho do clitóris, irregularidade ou interrupção das menstruações.

As primeiras associações entre lesão renal e EA são da década de 60 do século XX, com trabalhos experimentais na Alemanha, de Bekemeier & Pohle, evidenciando o potencial efeito indutor de depósito renal de cálcio dessas drogas.

A busca de um estereótipo estético da sociedade atual tem feito dessas substâncias uma regra atraente a ser desestimulada. A presença de disfunção renal em frequentadores de academias de musculação deve alertar o médico para esse fator etiológico, assim como no contexto de hipercalcemia, hiper bilirrubinemia ou rabdomiólise e em algumas glomerulopatias.

 

Texto em parceria com Matheus Garcia.

Referência:

doi: 10.5935/0101-2800.20150020

Dr Marcos Staak Jr⁣
Médico – CRM/SC 17642

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