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Espironolactona: salvação para mulheres em uso de hormônios andrógenos?

Espironolactona possui propriedades antiandrogênicas que a tornam adequada para situações nas quais o excesso de produção de androgênio resulta em manifestações indesejadas em mulheres, como acne, queda de cabelo e hirsutismo.

Ela age alterando a esteroidogênese nas glândulas gonadais e adrenais. A testosterona sérica total é depletada e o precursor da testosterona, sulfato de dehidroepiandrosterona (DHEA-S), é diminuído ou inalterado após sua administração. Pode também atuar perifericamente, competindo por receptores do citosol de dihidrotestosterona (DHT), cuja deficiência resulta em feminização.

Em um estudo com 400 pacientes com prescrição de espironolactona (50-100 mg/dia) para acne, 86% dos pacientes melhoraram. Outro estudo (n = 395) propõe o uso de 100 mg/dia para o mesmo problema. Após o tratamento de 13 meses, 66,1% dos pacientes tiveram uma resposta completa e 85,1% tiveram uma resposta completa ou parcial.

Uma análise combinando dados de dois estudos (n = 17, n = 39) sugeriu que 74,3% dos pacientes em uso de espironolactona também obtiveram melhora ou estabilização em seus casos de queda de cabelo.

Não há evidências de que a combinação de espironolactona com anticoncepcionais orais combinados confere benefício adicional sobre a monoterapia com espironolactona para queda de cabelo.

Uma revisão supôs que 100 mg/dia de espironolactona permitiu uma redução no crescimento anormal de pelos de 38% dos participantes e foi tão eficaz ou superior às monoterapias com finasterida e anticoncepcionais orais combinados.

Os efeitos adversos frequentemente relatados incluem hipotensão, diurese, irregularidades menstruais, náuseas, diarreia, sensibilidade mamária, fadiga e tonturas. Existem relatos de um risco aumentado de sangramento gastrointestinal superior com o uso de espironolactona, com esse risco aumentando com doses maiores.

Infelizmente, faltam ensaios clínicos rigorosos. Mas em geral, a espironolactona apresenta uma opção de tratamento eficaz e de baixo custo para várias condições indesejáveis induzidas por andrógenos.

Texto em parceria com Fernanda Salvador.

Referência:

doi:10.1111/ced.14340

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